Entrevista com Arilda Costa McClive

por | Oct 30, 2019 | Uncategorized | 44 Comentarios

Arilda Costa McClive é uma pessoa bastante conhecida na comunidade brasileira nos Estados Unidos, principalmente nos Estados de Connecticut e Nova York onde atua como Jornalista e fotógrafa profissional. Atua também na área de artes plásticas como curadora. Escreve artigos na área de cultura, entrevistas e artes para o Brazilian Times News paper além de manter a sua coluna social relatando os últimos acontecimentos sócio-culturais em Manhattan (NY).

É fundadora de vários grupos virtuais para brasileiros imigrantes dentre eles o “Brasileiros nos USA” grupo com mais de 80.000 seguidores e «Brasileiros em Connecticut» com mais de 22.000 seguidores

É representante do artista Russo, Alexander Sergeef “Sasha” nos USA.

Carismática por natureza esta brasileira é também ativa e engajada nas causas sociais que abrangem os muitos problemas vividos pelos imigrantes

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  • Onde você nasceu?

Sou Brasileira, nascida em uma cidadezinha do interior do estado de Minas Gerais chamada Abaeté. Era muito criança quando nos mudamos para a capital, a cidade de Belo Horizonte. Então me considero mineira, de BH.

  • Quantos filhos você tem?

Tenho uma filha linda e talentosa, escritora, que está sempre viajando pelo mundo, e cujo nome é Celinne da Costa. Além de ter livros publicados, ela também escreve para a Forbes dos Estados Unidos e do Japão, entre outras publicações importantes.

  • Qual foi a sua primeira viagem de férias?

Nossa! Tem muito tempo. Eu morava ainda no Brasil e minha primeira viagem de férias de trabalho foi para uma praia do Espírito Santo. Os mineiros adoram as praias de lá.

  • Lugar?

Guarapari, claro!

  • Com quem você viajou?

Viajei com uma amiga querida e que já se foi desta vida. Ficaram as lembranças daquele dia distante e fotos em alguma gaveta.

  • Que lembranças você tem dela?

Boas. Lindas! Não conhecia o mar e ainda era muito jovem. Fomos de ônibus para encontrar outros amigos que lá estavam.

  • Anedotas?

Wow! Minha amiga Cristina era muito querida e engraçada. Ela já tinha vivido nos EUA, pai americano e mãe brasileira, e eu ficava fascinada ouvindo as histórias da experiência dela de quando morou nos States. Tem uma frase dela que nunca esqueci. Ela disse que esteve em um show dos Rolling Stones em uma das viagens nos Estados Unidos e que para ela «valeu por todas».

  • Como você começou com a fotografia?

Fui morar em Roma e me apaixonei pela cidade. A cidade eterna é muito pitoresca e de um fascínio absoluto. As fotografias que deixei de tirar com a minha câmera ficaram guardadas no coração. E são muitas.

  • Você tem uma foto favorita das que você tirou?

Tenho várias. Uma delas foi em São Francisco, na California. Estava no famoso Marketing, que tem ao fundo a vista da prisão de Alcatraz. Estava mirando um pássaro, e num instante veio outro e pousou do lado dele, e mais um. Ficaram perfeitamente alinhados, em ordem de tamanho. Achei o momento inesquecível porque foi uma coincidência de segundos e imediatamente um deles voou. Fiquei muito feliz com aquele click.

  • Do que se trata?

Da coincidência, do momento, do estar presente e capturar aquela imagem. Do segundo imortalizado.

  • O que você quer retratar?

Gosto de retratar o amor. Crianças, pessoas em momentos espontâneos. Tudo que retrata autenticidade. Não poderia ser uma fotógrafa de conflitos ou guerra. Me perturba muito a violência, o medo, a injustiça.

  • E com jornalismo … quando você começou?

Há mais de 15 anos, quando me mudei da Itália para os Estados Unidos. Um jornal comunitário me convidou para escrever uma coluna sobre os eventos artísticos que aconteciam na comunidade brasileira da região onde resido, o chamado «tri-state», dos estados de Connecticut, New York e New Jersey.

  • Você fez um relato que você lembrou mais do que o resto? O que?

Dos recentes relatos, o mais interessante foi visitar a Sérvia no início deste ano. Em Belgrado, tive o privilégio de ser convidada, com meu marido e outras 4 pessoas, para um jantar no palácio real com o Príncipe Alexander Karadjordjevitch, da Sérvia, e a esposa dele, a Princesa Katherine Batis, da monarquia grega. Conhecer de perto e visitar internamente uma casa real foi muito interessante. Saber das histórias da monarquia sérvia foi uma experiência incrível, mesmo porque o príncipe foi casado com uma princesa brasileira, seus herdeiros são metade brasileiros e tivemos a oportunidade de conversar em português.

Acho que me lembrarei para sempre desta experiência, porque seguramente não é uma daquelas histórias que acontecem todos os dias.

  • Você escreve no Brazilian Times, sobre quais tópicos?

Há muitos anos tenho uma coluna nesse jornal brasileiro, que é distribuído na comunidade brasileira dos Estados Unidos. Escrevo sobre eventos sociais e artísticos que acontecem na comunidade. Faço isso com muito prazer porque me dá a oportunidade de interagir com muitas pessoas bacanas, no mundo da cultura e das artes. Principalmente em Nova York.

  • O que você gosta de escrever além disso?

Tenho vários rascunhos sobrea minha histórias, e que guardo nas minhas gavetas. Quem sabe um dia eu possa juntar tudo e escrever um livro de crônicas, contando sobre os personagens e fatos que presenciei pelo mundo, e estão registrados na minha câmera? Afinal de contas são tantos lugares e muitas histórias interessantes.

  • Você morou em outros países além do Brasil, onde?

Antes de me mudar para os Estados Unidos morei 14 anos em Roma, na Itália. Minha filha, Celinne da Costa é romana, e eu ainda amo muito aquele país. Tenho também a cidadania Italiana. Depois me mudei para os Estados Unidos onde vivo há quase 20 anos.

  • Fotógrafa, jornalista, fala várias línguas … qual a sua maior paixão?

Tenho várias paixões. Imagina! Têm muita coisa neste mundo para se apaixonar e ser grata a Deus e ao universo. Falar só de uma paixão não seria justo com as outras. Amo o mundo das artes e saber sobre outras culturas. Amo viajar e passei estas paixões para minha filha. Sou apaixonada pelo meu marido, o americano Colin McClive, porque ele é um ser humano incrível e tenho sorte de tê-lo na minha vida. Não posso deixar de mencionar meus amigos queridos e minha família. Sou uma mulher de sorte e apaixonada.

  • Falando de música, quais são seus favoritos?

Não me atreveria a reduzir a um número pequeno minhas músicas favoritas, porque são muitas. Tudo depende do lugar e das circunstâncias. No Brasil, gosto muito da MPB (Musica popular Brasileira) da época que eu ainda morava lá. Na Itália, me apaixonei pela música clássica, e têm muitos outros estilos e artistas Italianos que eu adoro. Luciano Pavarotti, Andrea Bocelli, Zucchero, Lucio Dalla, Pino Daniele, entre outros. Nos Estados Unidos e em geral, têm vários outros que eu amo, mas repito, tudo depende da situação. Frank Sinatra, Beatles, Queen, Tina turner, Eric Clapton, Santana, etc. Eu gosto de música de qualidade, que quase sempre são clássicos da música mundial e que muita gente gosta também.

Acho que seria mais fácil dizer o que não gosto, e não gosto de música sertaneja, não gosto de funk, nem de rock pesado.

  • E sua cantora?

Tina Turner é demais! Bibi Ferreira no Brasil foi uma grande Diva.

  • Agora você mora nos Estados Unidos … quando foi morar lá?

Em março do ano 2000 nos transferimos da Itália para os Estados Unidos, estado de Connecticut.

  • A adaptação foi muito difícil?

Não foi tão difícil como quando me mudei do Brasil para a Itália. Viver em outro país é sempre uma grande aventura, uma experiência fantástica na vida de todos, porque tem um processo de adaptação em quase tudo. Clima, comida, idioma, e o encontro de pessoas novas na vida. Tudo é muito enriquecedor.

  • O que te custou mais?

Cheguei falando português e italiano e com o inglês básico. Esta parte é difícil mas o processo de dominar um idioma requer estudos, mais a experiência do dia a dia. No início do processo de seguir e entender uma conversa até que não é muito complicado, mas interagir com a rapidez que o domínio da língua requer é outra história. É um sofrimento não poder se expressar e dizer exatamente o que você quer dizer. Quando conseguimos, é uma grande conquista!

  • Qual é o seu lugar favorito em Nova York?

Nova York é o «umbigo do mundo» e tem de tudo. Diria, sem pensar muito, e porque gosto muito de arte, que o Metropolitan Museu é um pedacinho do céu. Acho um grande privilégio a experiência de estar aqui, poder escolher onde ir e depois voltar para casa. O mundo cultural em Nova York, as histórias, os lugares, é tudo muito lindo e fascinante. Claro que, como todas as grandes metrópoles do mundo, tem um grande desafio com tantos problemas no trânsito, trabalho, estresse, etc. Mas você perguntou sobre meu lugar favorito e tem outro que vou te dizer: comer aos domingos no Via Brasil, um restaurante brasileiro na Little Brasil que fica na 46th entre a Quinta e a Sexta Avenida. Lá, somos de casa. Somos sempre bem acolhidos e a comidinha é tão boa que parece comida de mãe no final de semana.

  • Do que você tem saudades do Brasil?

Da minha mãe, da minha família. Da famosa reunião familiar aos domingos. Aquela que todo mundo está ao redor da mesa com a matriarca paparicando cada um de nós, e as risadas de todos. Sinto uma falta danada desse meu lado brasileiro. Acho que tem mais simplicidade lá e é gostoso, mas é só uma parte de mim, do que eu sou. Eu tenho um outro lado que é a minha vida fora do Brasil e já vivi mais da metade da minha vida entre um país e outro. Acho que, com tanto tempo vivendo fora, tenho  caracteristicas que são consideradas «gringas» no Brasil, e, por exemplo,  qualquer idioma que falo tenho um pronuncia que me identifica como sendo de outro país. Até quando falo português.

  • Você viaja com frequência por lá?

Vou duas vezes por ano.

  • Você ainda tem família lá?

Somos uma grande família no Brasil. Minha mãe, irmãos, e irmãs. Entre meus irmãos, dois deles também estão nos Estados Unidos, mais quatro sobrinhas, e alguns primos estão por aqui também.

  • Há quanto tempo você não voltou para Belo Horizonte?

Estive lá recentemente, mês de maio. Eu amo BH.

  • Você conhece a Argentina?

Está na minha lista. Adoraria conhecer a Argentina. Tenho amigos em Buenos Aires.

  • O que te impressionou mais quando você foi?

Um dia eu te conto.

  • Como seria um dia de férias ideal para você?

Adoro ficar com meu marido, minha família  e nossos amigos. Se eles estiverem por perto está tudo ótimo, não importa onde, porém quem sabe em um dos Cafés de Paris, comendo queijos e degustando vinhos?  Adoro! E tenho amigos queridos na cidade luz.  O Havaí também me encanta completamente. É uma energia maravilhosa aquela parte do mundo.

  • Você já se apaixonou por alguma pessoa numa viagem?

Ahh, sim. Fui apaixonada pelo pai da minha filha, e aconteceu em Roma. Mas isso ficou para trás. Uma daquelas histórias fulminantes e intensas que acontecem quando somos mais jovens. Ficou na lembrança porque tenho uma filha lindíssima e super talentosa.

  • Onde? Roma!

O nome desta cidade de trás para frente é amor. Como não se apaixonar em Roma?

  • Um sonho pendente?

Gostaria de ter um galeria de arte e expor artes e artistas que eu amo. É um sonho na gaveta. Mas não gosto da ideia de obedecer a horários comerciais, não teria mais paciência para isso. Espero um dia ter uma grande casa ou apartamento e fazer isso com reuniões e exposições esporádicas. Em casa mesmo. Isto já acontece em alguns países. Acho fantástico!  Enquanto não vende a obra eu curto o que está exposto na parede.

  • Algo que você quer dizer que eu não te perguntei?

Que meu lema é amor e gratidão. Sou muito grata a Deus a ao universo pela minha trajetória até aqui.

Você não perguntou se eu tenho um vício e eu tenho. Eu leio em continuação. Acho que é um vício. Estou sempre buscando leituras em livros, e na internet. Em inglês, italiano e português.

Minha mais recente distração é a escultura. Estou frequentando classes para aprender a fazer retratos em esculturas. Acho fascinante observar que cada um de nós temos expressões tão distintas, características que nos fazem únicos. Somos, cada um a seu modo, obras de arte. Quero trabalhar para aprender a esculpir e dar expressões as minhas obras que depois, espero,  serão lembranças de família.

Se você quiser, no futuro, eu te conto mais sobre isso.

  • Complete a frase:

Hoje eu gosto muito de… …Ser quem eu sou. Tenho muito orgulho da mulher que me tornei na minha trajetória até aqui, mas o melhor ainda está por vir.

Obrigada pela oportunidade.

 

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Arilda Costa McClive

Arilda Costa McClive

Twitter: @ArildaCosta1
Instagram: @arildamcclive
Facebook: @arilda.costa

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